quarta-feira, 28 de setembro de 2011

RECICLAGEM

Sobre Reciclar é Artealterar
"A vontade da arte pode se manifestar em qualquer homem de nossa terra, independente do seu grau meridiano, seja ele papua ou cafuso, brasileiro ou russo, negro ou amarelo, letrado ou iletrado, equilibrado ou desequilibrado".
Mario Pedrosa, do livro Arte Necessidade Vital, 1949.

A discussão sobre meio ambiente e preservação vem se tornando cada vez mais comum em um mundo caracterizado pela intensificação do aquecimento global e pela produção cada vez mais alarmante de lixo (só a cidade de São Paulo produz mais de 15.000 toneladas por dia). A reciclagem aparece nesse contexto, como solução de alguns dos problemas. Reciclar é, originalmente, fazer com que o material utilizado passe novamente pelo ciclo de produção, voltando a ser matéria prima. Hoje em dia, o termo já faz parte do vocabulário popular para indicar também o reaproveitamento do material para desempenhar outras funções.

A reciclagem, além de desviar grande parte do lixo que iria à Lixões e Aterros Sanitários para Centros de Triagem, possibilita uma menor exploração de matérias-primas fundamentais na criação de certos materiais, minimizando danos ao meio ambiente. No caso do papel, por exemplo, nenhuma árvore precisa ser derrubada na formação do papel reciclado, que pode substituir o papel comum em quase todas as suas funções.

A reutilização de materiais é muito comum em grupos que procuram uma alternativa na forma de gerar sua renda. Ela ocorre desde a produção de verdadeiras obras-primas com o alumínio da latinha, até a utilização da PET para a tecelagem de roupas.



MÃO DO LIXO
A mão que eu cato o lixo. Não e a mão com que eu devia ter.
Não tenho para ganhar. Na mesa da minha casa. O pão bom de cada dia.
Como não tenho, aqui estou. Catando lixo dos outros, O resto que vira lixo.
Não faz mal se ficou sujo, Se os urubus beliscaram, Se ratos roeram pedaços,
Mesmo estragado me serve, Porque fome não tem luxo.
A mão com que cato o lixo. Não e a que eu devia ter.
Mas a mão que a gente tem. E feita pela nação.
Quando como coisa podre. Depois me torço de dor
Fico pensando: tomara. Que esta dor um dia doa
Nos que tem tanto, mas tanto, Que transformam pão em lixo
Com meus dedos no monturo. Sinto-me lixo também.
Não pareço, mas sou criança. Por isso enquanto procuro
Restos de vida no chão, Uma fome diferente,
Quem sabe é o pão da esperança. Esquenta meu coração:
Que um dia criança nenhuma. Seja mão serva do lixo.

Tiago Mello

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